domingo, 16 de setembro de 2012

Dedé diz que Saiu para ajudar o Vasco ;

 Já anunciado como jogador do Cruzeiro, o zagueiro Dedé concedeu uma entrevista coletiva, na manhã desta quinta-feira, em um condomínio na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio, para falar sobre sua saída do Vasco. Emocionado, ele afirmou que gostaria de ter ficado, mas que pensou o quanto sua venda ajudaria funcionários e a própria instituição, que tem sofrido para deixar os salários em dia.
- Pensei não só em mim.  Achei importante pensar nisso, funcionários com salário atrasado. É uma situação financeira complicada a do Vasco. O coração fica apertado - disse Dedé, que, ciente da condição financeira ruim do clube, preferiu nem pedir para permanecer.
- Foi uma situação difícil para mim, mas me senti, como disseram, uma mina de ouro, que poderia pelo menos clarear a escuridão que estava ali. O Vasco estava precisando, então, não tive escolha de pensar. Achei que teria tempo bom para pensar numa possibilidade de ficar, mas preferi nem pensar. Tentei distrair - lembrou ele.
Dedé atendeu a torcedores antes da coletiva de despedida na Barra (FOTO: Ruano Carneiro)
Dedé segurou a onda. Não derramou lágrimas. Mas também não escondia a emoção, principalmente ao falar do carinho da torcida vascaína:
- A torcida sempre teve um carinho especial por mim. Hoje é um dia diferente, especial para mim. Queria agradecer de todo coração. Cheguei no alto nível com a força deles. Quero deixar um agradecimento de coração. Quero deixar claro que nunca vou deixar de lembrar deles. Eles sempre vão estar guardados no meu coração. Despedida é ruim de fazer, mas é um caminho novo. A torcida sempre esteve comigo, nos momentos bons e ruins.
O zagueiro vai viajar para Minas Gerais ainda nesta quinta-feira e será apresentado pelo clube na sexta-feira. Desta maneira, fica fora do último confronto da equipe no Campeonato Carioca, sábado, às 15h30, contra o Madureira, em Conselheiro Galvão.
- O Cruzeiro tem história, tem elenco grande. O que a torcida está fazendo por mim já balança qualquer jogador. Estou com coração apertado por sair do lugar que amo, mas feliz por ir para um clube que está me recebendo de braços abertos.
Em pouco mais de uma hora de coletiva, Dedé ainda disse que Anderson Martins foi seu parceiro ideal no Vasco e que aposta em Luan, zagueiro cria da base. Sobre o Vasco, falou o tempo todo com muito carinho, mas só mostrou chateação pelo clube não ter realizado um projeto de marketing anteriormente, o que poderia auxiliar na sua permanência.
Você se arrepende de não ter ido para a Europa antes?
Nunca pensei em sair do Vasco, independentemente da situação financeira. Hoje, essa situação com o Cruzeiro foi totalmente diferente. Não me arrependo de ter negado vários clubes grandes da Europa e, pela situação financeira... Particularmente não influencia, pois sou simples, minha família é simples.
Como foi essa negociação?
Foi uma negociação em que ocorreram várias situações. O Cruzeiro chegou antes no Vasco, que acho que é o certo. Passou que estava interessado em mim e meus agentes me avisaram que realmente o Cruzeiro tinha chegado para fazer a proposta. Eu não sabia se era concreto.
Em outros momentos você recusou propostas para sair. Dessa vez, não conversou com a diretoria para ficar?
Eu não tentei, não. É difícil ver trabalhadores mais simples, que a gente gosta, sofrendo, sem dinheiro, sem salário. Muitos ganham salário mínimo. Vi que eu poderia mudar essa situação. Fiquei apertado, com coração partido, mas vi que era para o meu bem e para o bem dos outros.
Jornalistas comparecerem em peso para a coletiva do zagueiro (FOTO: Ruano Carneiro)
Como ficou sua cabeça com tanta especulação sobre sua saída?
Muita coisa, muito bafafá no meu nome. A cabeça do cara fica um trevo, falando da forma boleira. Eu tentando tirar alguma coisa, distrair, mas não dava. No começo do ano saiu sondagem do Corinthians, possibilidade de ir. Fiquei muito contente também pela valorização. Conversamos, entramos em um acordo e decidi ficar. Depois tiveram várias sondagens de clubes europeus e do Brasil. O Vasco estava precisando fazer negociação e o atleta que estava em condições de ser vendido era eu. Sabia que até meio do ano poderia acontecer, mas esperava que eu pudesse ficar. Algumas coisas atrapalharam, mas conversando com jogadores mais experientes fiquei mais tranquilo.
Você não gostaria de jogar sábado, para se despedir?
Por mim eu jogaria, para me despedir de forma concreta, de forma correta. Só que o Cruzeiro está fazendo muita coisa legal pra mim, vai me apresentar de uma forma diferente, como eu nunca vivi. Ainda tem o jogo da Seleção (amistoso contra o Chile, quarta-feira), que será lá em Minas. Então ia atrapalhar muito.
Ficou alguma mágoa do Vasco? Algo o chateou?
Nada me aborreceu no Vasco. Tive vários momentos bons. Cresci muito no clube. O Vasco fez com que eu chegasse onde estou. Minha vida é o Vasco.
E qual foi o momento de mais alegria?
Todos os momentos que vivi no Vasco foram de alegria. Vou sempre guardar isso na memória. Não dá para falar de um ou outro.
Quando você renovou pela primeira vez o contrato com o clube, em 2011, o Vasco falava que faria um projeto para você ficar até 2014. Isso aconteceu?
Não aconteceu. Acho que o pessoal deu mole. Situação de marketing... Acho que o Vasco vacilou nesse sentido. Falaram muitas coisas, mas não fizeram praticamente nada, infelizmente. Eu estava disposto a ajudar, tudo o que tivesse lá eu faria. Infelizmente vacilaram. Tomara que com outros atletas eles pensem legal e façam um bom trabalho.
O Anderson Martins foi seu melhor parceiro de zaga no Vasco?
Foi a dupla que deu mais certo, passamos um bom tempo fazendo boas partidas, fazendo jogos de qualidade. Mas fui muito bem também com o Renato Silva. Ele me ajudou muito.
Na sua opinião, o Luan merece ganhar mais chances agora?
O Luan já tinha que ter ganhado oportunidades, pois já vinha se destacando na base. Foi para a Seleção sub-20 como capitão. Deveriam tê-lo aproveitado antes, na Copa do Brasil, por exemplo, já que o time tinha muitos jogadores experientes. Ia ser bom para ele. Demoraram muito para tentar revelar esse jogador. O moleque tem potencial. Além de tudo, é simples. Escuta todo mundo, da mesma forma que eu fazia. Espero vê-lo arrebentando no Vasco.
Qual é a diferença do Dedé que chegou ao Vasco, em 2009, para esse que deixa o clube agora?
Muita coisa. Eu não sabia nem falar direito, ficava nervoso. Amadureci bastante. Eu não pensava muito nas coisas que eu fazia. Cresci no meio do futebol. Estou bem mais tranquilo hoje em dia.
Hoje em dia, você consegue se considerar um ídolo?
Não. Eu não me considero um ídolo. Mas sei que muitos me consideram um ídolo. É estranho, não sei se consegui explicar. Eu sou normal, gosto de ir aos lugares. Às vezes um torcedor me abraça, chora. Eu falo para parar de chorar, porque não entendo aquilo (risos).

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"Se todas as batalhas dos homens se dessem apenas nos campos de futebol, quão belas seriam as guerras".