Um novo fenômeno? (12/02)
Antônio Melane - Estado de Minas


Nos últimos anos, o Cruzeiro foi muito feliz em várias apostas feitas pelos técnicos em algumas promessas, como Jussiê, Maicon, Gomes, Geovanni, Fábio Júnior, Guilherme, Wendell, sem falar no fenômeno Ronaldo, que supera todas as projeções para o investimento em um jovem talento. Hoje, diante do Guarani, às 19h30, no Mineirão, pela quarta rodada do Campeonato Mineiro, quando luta para manter os 100% de aproveitamento, mais uma cria celeste estará pela primeira vez iniciando como titular: Bernardo, de 18 anos.

Mas quem acompanha o Cruzeiro sabe que este menino já foi titular nas seleções de base do Brasil e, aos 16 anos, começou a enfrentar o assédio dos clubes europeus. Valencia, da Espanha, e Inter, de Milão, foram alguns que mostraram interesse em seu futebol. Por um motivo ou outro, ele permaneceu e hoje o Cruzeiro o apresenta para sua torcida, cotado para ser estrela. Jogou 15 minutos na vitória por 3 a 2, sobre o Villa Nova, na primeira experiência como profissional. Antes, na Copa São Paulo de Juniores, marcou nove gols.

Bernardo é alegre por natureza e tenta levar esta característica para o futebol. É atrevido para atacar e chega a ser audacioso. Os técnicos da categoria de base confirmam que ele teve uma evolução muito grande, pois era um jogador que tentava marcar sua presença apenas ofensivamente. Hoje é completo: defende e ataca, no mesmo ritmo e agrada a Adílson Batista: “Mas ele está sendo orientado para crescer mais, porque tem qualidades”, diz o técnico.

O jogador está encantado com a oportunidade: “Nem estou dormindo direito, porque há cinco anos sonho com este dia”. Para ele, não será problema enfrentar o Guarani, mesmo com a situação dramática do adversário, perseguindo a primeira vitória e ameaçado de rebaixamento: “Todo time que encarar o Cruzeiro vai querer dar o seu melhor. Todos os jogos são complicados. Precisamos jogar com inteligência, procurar os espaços, com velocidade, que o resultado será o que desejamos”.

Bernardo sabe que, se Adílson Batista não estivesse mesclando a equipe, visando ao clássico de domingo com o Atlético e a estreia na Copa Libertadores, quinta-feira, no Mineirão, contra o Estudiantes de La Plata, a oportunidade não estaria chegando tão cedo: “Então é aproveitá-la, com confiança e ajuda de todos os companheiros”.

Na arquibancada estará o pai, Hélio, que foi jogador do Palmeiras e trabalhou longo período no Ipatinga, como assistente técnico. Bernardo (vai completar 19 anos em 20 de maio) é o mais novo jogador na Primeira Divisão do futebol mineiro a começar uma partida. No América também há Otávio, que ainda não foi escalado. No Cruzeiro, três outros companheiros com 18 anos também treinam entre os profissionais: os volantes Neguete e Matheus e o lateral Diego Renan. Já o volante Zé Eduardo tem 17 anos.

Além de Bernardo, o Cruzeiro mostra outras novidades. O zagueiro Ânderson disputa o primeiro jogo com a camisa azul, ao lado de Leonardo Silva, e garante estar preparado para o desafio. O objetivo é repetir no futebol mineiro o sucesso dos tempos de Corinthians. Quando chegou ao Parque São Jorge, no fim da década de 90, Adílson Batista estava terminando a carreira como jogador. É um zagueiro duro, que joga pela direita e pela esquerda. Experiente, será importantíssimo para a temporada.

O torcedor estará com os olhos voltados também para Alessandro, revelado pelo América e que mostrou competência em 2007 pelo Ipatinga. Com experiência, diz que tem de jogar muita bola para ser uma das opções do ataque, porque Soares, em Nova Lima, apresentou seu cartão de visitas, fazendo dois gols e correspondendo plenamente.

Presença de Fabrício

Os poupados contra o Villa Nova, Jonathan, Leonardo Silva, Wagner e Wellington Paulista, estão de volta. Outro motivo para o torcedor cruzeirense estar confiante é a presença de Fabrício, pela primeira vez, na temporada, comandando o meio-campo. Ele ficou mais de 30 dias cuidando da forma. No Cruzeiro, todos sabem de sua importância para o time, tecnicamente e por ser um líder. Consegue, com habilidade, levar a equipe à frente e fazer as dosagens certas para que ela possa agredir e também defender.