quarta-feira, 16 de junho de 2010

ENTREVISTA COM ALEX 10


Patricia Esteves


Com 32 anos e 15 de carreira, o meia Alex tem muita história para contar. Consagrado no Palmeiras e no Cruzeiro, o jogador atua há seis anos pelo Fenerbahçe, da Turquia, por onde conquistou dez títulos. E na Seleção Brasileira disputou 68 jogos, fez 20 gols e conquistou duas Copas América de 1999 e 2004. Em época de Copa do Mundo, Alex comenta ao site Justicadesportiva.com.br o trabalho do técnico Dunga, da carreira no exterior e de uma possível volta ao país.

Site JD - Qual sua opinião da atual Seleção Brasileira?

Alex - "Todo mundo vai discutir, é natural. Mas o Dunga está indo em cima da convicção dele. É claro que cada um no Brasil enxerga as coisas de uma maneira diferente e tem a sua própria Seleção. Mas chegou o momento principal e ele já escolheu os jogadores que vão representar o Brasil, cabe a gente torcer e esperar que eles façam uma bela Copa".

Site JD - Você acredita que poderia ter vaga nessa Seleção ou pensa até mesmo em voltar no futuro?

Alex - "Não penso em Seleção Brasileira. Hoje eu sou um torcedor como outro qualquer. Em termos de qualidade, eu acho que sempre tive e sempre demonstrei futebol para poder participar, mas os treinadores entenderam de uma forma diferente. Não tenho nenhuma ressalva para fazer. Até porque eu respeito quem é convocado e respeito quem o treinador convoca. Em relação à Seleção, só me resta torcer mesmo".

Site JD – O técnico Dunga vem fazendo diversos treinos fechados. Você acha que essa atitude é uma blindagem um pouco exagerada?

Alex - "É uma situação difícil. Acho que é muito cultural isso. O brasileiro está acostumado a poder participar diretamente perto dos jogadores e da comissão técnica. Na Europa, por exemplo, essa blindagem é normal. Mas acredito que com bom senso tudo é resolvido. Exagero, tanto para muita festa quanto para muita concentração, nunca é bem-vindo".

Site JD - Na primeira fase, o Brasil terá como adversários a Coreia do Norte, Portugal e Costa do Marfim. Quem você enxerga como a seleção que pode atrapalhar a campanha brasileira na primeira fase?

Alex - "Acho que quem pode atrapalhar é a Costa do Marfim, porque Brasil e Portugal são os favoritos para buscar a classificação. Então, o time que vai tentar surpreender neste grupo são os africanos, até mesmo porque a Coreia, eu acredito, que vá fazer uma correria inicial, mas no fim vão perder".

Site JD - Você acredita que esta edição da Copa é a que as seleções africanas vão se dar melhor, até pela disputa ser na África?

Alex - "As seleções africanas já mostraram qualidade em outras oportunidades e já chegaram até a atrapalhar alguns adversários considerados tradicionais. A Costa do Marfim, por exemplo, tem um bom time, apesar de considerar Brasil e Portugal favoritos desse grupo. Mas no geral, dentro das dificuldades que o continente africano apresenta, acredito que eles sempre têm boas seleções, jogam um futebol bonito, divertido. Então acredito que eles podem se dar bem na Copa".

Site JD - Quais seleções você apontaria como as que podem disputar o título com a Seleção Brasileira?

Alex - "Os tradicionais de sempre são os favoritos, né? Brasil, Argentina, Inglaterra, Itália, Alemanha, a Holanda me agrada bastante e a Espanha é uma equipe que vem se destacando nos últimos quatro anos, até por estar com basicamente os mesmo jogadores".

Site JD - Você acha que as questões de preparação do elenco podem mesmo fazer a diferença em um campeonato considerado curto, como a Copa do Mundo?

Alex - "Os campeonatos começam a ser ganhos na preparação, seja qual for a duração do torneio. Achei a ideia de escolher Curitiba para iniciar a preparação ótima, porque o clima é bem parecido com o da África do Sul. Isso ajuda bastante para que eles consigam se ambientar mais rápido. Vou ficar na torcida para que o Brasil chegue com força máxima e consiga fazer um bom Mundial".

Site JD - Você como armador, acredita que o Dunga errou em não levar nomes como Ronaldinho Gaúcho e Paulo Henrique Ganso, que são armadores de verdade, já que o único armador de ofício da Seleção é o Kaká?

Alex - "Não vejo dessa forma. O Dunga fez as coisas dentro do trabalho que ele montou ao longo desses quatro anos. Esses questionamentos relacionados às características dos jogadores sempre vão existir. O Ronaldinho e o Ganso realmente são jogadores de muita qualidade, mas o treinador sabe aquilo que ele tem, as substituições que ele pode fazer, os desenhos táticos que pode utilizar em vários momentos, e por isso, levou os jogadores que acredita que caibam dentro do que ele imagina. O que é interessante é que ele manteve a convicção dele, mesmo deixando muita gente chateada. Espero que elas sejam corretas e que o Brasil possa fazer uma boa Copa do Mundo e volte com o título".

Site JD - Na sua opinião, existe algum jogador da Seleção que possa surpreender?

Alex - "É um grupo questionado, mas que tem qualidade. Todos eles já mostraram ao longo da carreira que tem qualidade. Depende também de como o Dunga vai armar o time, mas, no geral, acredito que qualquer um possa surpreeender".

Site JD - Você saiu do Cruzeiro e foi jogar no futebol turco, se tornando um dos jogadores mais conhecidos por lá. Você acredita que isto te afastou da Seleção Brasileira?

Alex - "De forma alguma. Até porque em 2003, eu estava no melhor momento da minha carreira, jogava no Cruzeiro, que talvez nos últimos dez anos seja a melhor equipe que o futebol brasileiro, e eu tinha poucas oportunidades na Seleção. Fui muitas vezes convocado, mas jogava muito pouco. Então, acredito que em um mundo globalizado, como o atual, isso não existe. Já vimos até jogador do futebol japonês ser convocado. É mais uma questão de preferência dos treinadores. Se ele acha que tem que acompanhar tal jogador, ele vai acompanhar, então, não acredito que as minhas chances tenham diminuído por isso. A minha história começou lá atrás com o Parreira e em algum momento ele achou que eu não servia para a Seleção".

Site JD - Falando em futebol brasileiro, você pensa em voltar a jogar pelo Cruzeiro, pelo Palmeiras ou em qualquer outro clube do país?

Alex - "Às vezes penso que sim, às vezes penso que não. Não tenho uma conclusão sobre isso ainda. Até porque a volta para o Brasil não envolve só a troca de um time de futebol. É uma mudança bem grande. Minha família é muito bem adaptada ao modo de viver na Turquia e eu também estou muito adaptado. Então vou ser bem sincero, às vezes eu acho a possibilidade bem viável, mas depois começo a pesar os prós e os contras e vejo que tem muita coisa contra também. Mas só faço esse tipo de balanço quando eu estou em fim de contrato. Ainda tenho um ano na Turquia e só vou começar a pensar no assunto a partir de janeiro.

Site JD - O torcedor brasileiro é muito exigente. Às vezes o jogador faz uma bela exibição no domingo e na quarta, quando erra um passe, já é cobrado. Esse fato acaba atrapalhando a volta dos jogadores que estão do exterior?

Alex - "Isso é cultural, mas não vejo isso como fator contra. Aqui no Brasil os torcedores crescem assim, você aprende isso com seu pai, com seus amigos. E a partir do momento em que você se torna jogador de futebol, você aprende a conviver com isso. O que não pode é querer agredir o jogador. Isso, inclusive, já aconteceu comigo algumas vezes e não melhora em nada, pelo contrário. Se analisarmos a situação do Love no Palmeiras foi mais ou menos isso, tanto que ele foi para o Flamengo e está se dando bem. O torcedor na hora de cobrar tem que fazer uma cobrança inteligente porque pode perder um bom jogador".

Site JD - Palmeiras ou Cruzeiro? Para quem você voltaria das suas equipes?

Alex - "Voltaria para qualquer um dos dois clubes, bem satisfeito. Fui muito bem tratado nas duas equipes e tenho um carinho muito grande por ambos".

*Colaboradores: Jairo Giovenardi (Rádio Trianon) e Rafael Esgrilis (Rádio Capital)

AGRADECIMENTOS DO BLOG ZIRLEI PEREIRA E CREDITOS

A REPORTER Patricia Esteves

*Colaboradores: Jairo Giovenardi (Rádio Trianon) e Rafael Esgrilis (Rádio Capital)

SITE Justiça desportiva.com.br

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"Se todas as batalhas dos homens se dessem apenas nos campos de futebol, quão belas seriam as guerras".