segunda-feira, 17 de agosto de 2009

"A Globo não é dona do futebol brasileiro. Se a Record pagar mais,leva." Fábio Koff por cósmi rímoli





Fábio Koff.

Presidente do Clube dos 13.

A associação dos maiores clubes do Brasil.

Desde 1987, quando foi criada, a entidade briga pelo interesses das principais equipes nacionais.

Para agradar gregos e troianos, a idéia inicial era que os presidentes se revezassem.

Representando polos poderosos.

O primeiro presidente foi o paulista Carlos Miguel Aidar.

Depois, outro paulista, Carlos Facchina.

Aí, um mineiro, Afonso Paulino.

Quando chegou a vez de um gaúcho, Koff assumiu.

E virou dono do cargo, desde 1995.

14 anos depois, ele dá uma entrevista importante e exclusiva ao blog.

Toca em temas polêmicos.

A começar pela Globo ser a dona do futebol no País.

"A Globo não é dona ad eternum do Brasileiro.

Os direitos de transmissão serão negociados em 2012.

A Record que não faça como da última vez, quando dois dias depois tirou a proposta e deixou o futebol para a Globo.

Nós queremos é mais dinheiro aos clubes.

Qualquer emissora pode mostrar os nossos jogos."

O que o senhor acabou de falar é que a Globo pode perder a exclusividade no futebol brasileiro?

Olha, eu sou uma pessoa direta.

A Globo transmite há tanto tempo futebol porque sempre pagou mais.

Ninguém no Clube dos 13 trabalha pela Globo.

Se a Globo não pagar mais do que a Record, SBT ou qualquer outro canal, não vai ficar com os jogos.

A nossa concorrência pela transmissão tem tantos ou mais itens do que uma concorrência pública.

Os executivos da Record sabem : eles retiraram a proposta que era maior do que a Globo faltando dois dias para acabar a concorrência.

(Em 2007, a Record ofereceu R$ 600 mlhões pelos Brasileiros de 2009, 2010 e 2011. A Globo pulou de R$ 300 milhões para R$ 380 milhões, mais porcentagem no pay per view.)

Ou seja: a Record fugiu da raia.

E a Globo continuou com os jogos.

O nosso relacionamento é excelente.

Mas, teve de nos dar um bom aumento.

O senhor parece satisfeito...

Impressão sua.

Não estou, não.

Os clubes poderiam estar ganhando bem mais.

Não vou negar que houve um enorme progresso.

Quando assumi, os contratos pelos Brasileiros valiam R$ 10,8 milhões.

Hoje valem R$ 500 milhões, somando transmissão aberta e pay per view.

No próximo contrato,também levaremos em conta a Internet e telefonia.

A Globo vetou a adaptação do calendário brasileiro ao europeu.

O senhor acha justo?

Olha, Cosme, esse é um tema polêmico.

A TV Globo não é uma empresa qualquer.

Tem seus compromissos, assinou seus contratos.

Pagou em dia pela transmissão do futebol.

Tem seus direitos.

Soube que o presidente Lula quer adequar o futebol brasileiro ao europeu para evitar vendas de jogadores.

Isso é uma bobagem.

Porque os jogadores vão continuar saindo.

O dinheiro está na Europa, não aqui.

Embora vários clubes sejam favoráveis à adaptação do calendário, outros não são.

O Clube dos 13 não tem uma posição definida.

Ainda faremos vários debates sobre o tema.

Eu mesmo tenho muitas dúvidas.

A revista Veja anunciou que em 2011, o calendário brasileiro será igual ao europeu.

Não está nada definido sobre isso.

Muito pelo contrário.

A tendência forte é continuar tudo como está.

O que o senhor acha do governo argentino que estatizou as transmissões do futebol?

Um retrocesso.

Um passo ao passado.

As ditaduras acabaram.

O Estado deve cuidar de outras coisas.

O futebol está cada vez mais privatizado no mundo inteiro.

Esse absurdo que a Argentina fez não tem cabimento.

Não deve ser seguido por país nenhum.

Principalmente pelo Brasil.

Aqui nós vivemos em um país livre.

É perigoso demais o Estado comandar o futebol.

Por falar nisso, como o Clube dos 13 viu o Brasil promover a Copa de 2014?

Eu vou dar a minha opinião pessoal.

Acho excelente em vários aspectos.

O nosso futebol será ainda mais valorizado.

Os clubes têm ótima oportunidade para ganhar dinheiro.

Mas, eu tenho uma grande preocupação.

Ela está na construção de estádios que possam virar elefantes brancos.

A preocupação de difundir o futebol e construir arenas onde não há clubes representativos é preocupante.

E depois da Copa?

Como ficarão esses estádios?

Milhões de reais serão gastos.

Eu acho que é preciso responsabilidade com os investimentos.

Construir estádios por construir não leva a nada.

O Brasil não pode jogar dinheiro fora.

Eu peço bom senso das pessoas que vão definir o Mundial.

Qual a mudança que o Clube dos 13 quer em relação à Lei Pelé?

Estou querendo falar sobre esse tema.

Todos sabem que a Lei Pelé beneficiou os jogadores e os empresários.

Nunca mais os clubes terão os privilégios de antigamente.

Só que um ajuste importante será feito.

Está para passar em Brasília um projeto que aumenta o tempo do primeiro contrato.

Em vez de três anos, os clubes poderão fazer por cinco anos.

Essa mudança é fundamental para a saúde financeira do clube formador.

A novidade será ótima ao futebol brasileiro.

Corinthians, Flamengo, São Paulo, Cruzeiro.

Esses clubes e outros vivem jurando que vão abandonar o Clube dos 13.

Há união entre os principais clube do País?

Sim. Há por interesse.

A união só acaba momentaneamente por questões pontuais.

Cada clube sempre vai brigar para ter vantagem sobre o outro.

Só que, quando surgem as grandes questões, todos sabem da importância de estarmos unidos.

As brigas vão continuar.

Eu sei mais do que ninguém como são desgastantes essas brigas.

Cabe a mim lutar para nos mantermos unidos.

Hoje, somos 20 clubes e estudamos a entrada de outras equipes na nossa entidade.

A função que eu exerço tem sim de ser remunerada.

É muito desgastante.

Há um movimento nascido com o presidente do Palmeiras, Belluzo.

Ele defende um teto aos técnicos e aos jogadores.

Olha, o presidente Belluzzo é um grande conhecedor de economia.

Ele fará uma palestra para os presidentes dos demais clubes brasileiros.

O tema é polêmico, mas a difícil situação da maioria dos clubes mostra que algo tem de ser feito.

Essas discussões são salutares.

E eu confio tanto nas idéias do Belluzzo que ele representará o Clube dos 13 em um congresso em breve na Europa.

Quanto mais discussões, conversas sobre melhorar a saúde financeira dos clubes brasileiro, melhor.

O senhor voltará para o Grêmio depois do final do seu mandato, em 2010?

E o ex-presidente do Inter, Fernando Carvalho, será o seu candidato?

Olha, eu gostaria, sim, de fazer meu sucessor.

Alguém que eu confiasse que teria a mesma disposição para lutar pelos clubes.

O Fernando Carvalho é uma pessoa que eu gosto muito.

Mas, vamos ver.

E, Cosme, não volto mais para o Grêmio.

O que eu tinha de ajudar lá, eu já ajudei.

Depois do Clube dos 13, volto para a minha casa.

Já estou com 78 anos.

Passou da hora de eu descansar.

Quero ir para casa...






Escrito por Cosme Rímoli às 01h36

6 comentários:

  1. Quem dera se as coisas fossem claras assim no Mundo do Futebol..!

    Mas este tema é otimo Zirlei, quero ver como vai ficar esse ponto de empresario/clube!

    sds

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  2. [Allan Kassahara] [Castanhal-Pará]segunda-feira, agosto 17, 2009 4:45:00 PM

    Gostei muito da entrevista exclusiva com o presidente do clube dos 13,Fábio Koff. Copa do mundo 2014: é realmente ótimo para o Brasil e brasileiros,mais como Sr. Koff havia dito,os estádios após a copa,como vai ficar?Vai ter mais estádio que clube? Transmissão de TV: deveria ter mais emissoras transmitindo jogos da mesma rodada,sou contra exclusividade no futebol.Ah,como eu gosto de ver jogo da seleção na rede globo,e como gostava de ver jogos no sbt,com narração de Silvio Luis.Hoje a copa do Brasil perdeu a graça!Já pensou um jogo do seu time de coração passando na rede globo,na band,e na rede record?Seu direito de escolha chegando ao seu lar....

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  3. [Carlos Eduardo] [Rio de Janeiiro]segunda-feira, agosto 17, 2009 4:49:00 PM

    [Carlos Eduardo] [Rio de Janeiiro]
    Haveriam também mudanças no início e fim dos contratos dos jogadores com a adaptação do calendário brasileiro ao europeu? E como ficariam os Estaduais? Quando seriam realizados? E após o término dos Estaduais os clubes não sofreriam com a perda dos seus principais jogadores numa possível transferência para o exterior e assim nem iniciariam o Campeonato Brasileiro? A situação dos treinadores poderiam ficar pior tendo que reformular um elenco entre o término e início das competições? Pois muitos podem ser dispensados pelos clubes por não apresentarem bom rendimento e outros sairiam para Clubes do exterior, deixando o elenco totalmente desconfigurado. Abraços Carlos Eduardo

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  4. Infelizmente o futebol brasileiro vai continuar nas mãos da Globo por muito tempo ainda. A Record não tem estrutura tanto profissional quanto técnica pra transmitir vários jogos de futebol pelo Brasil à fora!! Ela seguer consegue implantar um sinal digital, suas afilidas são fracas e atrasadas, com equipamentos velhos e ultrapassados. Ela só gritou com aqueles 600mi para inflacionar o campeonato pra Globo e nada mais do que isso.

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  5. Fala Painel & Zirley!!!
    Passei p/ dar um abraço na galera.
    Ando meio saturado de trampo. Tempo tá curto.
    O chão tá duro.

    O monopólio da GLOBO, é ETERNO. Infelizmente a RECORD não tem nenhuma chance.

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  6. grande aldo ta sumidaço mesmo em cara o isaac também aparece pouco , o importante e não perder o endereço e aparecer sempre valeu aldão some não .

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"Se todas as batalhas dos homens se dessem apenas nos campos de futebol, quão belas seriam as guerras".